Em conversa com um grande amigo, o Dr. Sérgio Garcia, que é excelente Otorrinolaringologista, enquanto dialogávamos sobre relacionamentos, fizemos uma breve comparação do relacionamento entre as pessoas com a afinação das notas musicais; me coloquei num lugar de reflexão sobre isso e achei fantástica a análise deste amigo que também é escritor e ainda trabalha na área de comunicação áudio visual e atualmente se dedica a aprender mais uma habilidade, tocar violão. Ele fez uma bela reflexão referenciando aos relacionamentos com as notas musicais justificando que tem semelhanças na forma com que o compositor harmoniza as notas musicais e a forma de combinação das pessoas em seus relacionamentos.

Quem conhece um pouco de música vai entender muito bem o que ele quiz dizer, e para quem não conhece o suficiente eu vou explicar.

Para que uma música seja elaborada e possa ser entoada com uma afinação perfeita e confortável aos ouvidos, o compositor escreve as notas musicais fazendo uma combinação entre elas para que ao serem tocadas ao mesmo tempo, não causem uma desafinação e com isto fique uma música feia. Para conseguir esta combinação perfeita, às vezes se faz necessário ajustar uma ou mais notas musicais para que ao serem tocadas juntas possam ser ouvidas como um só som, e com melhor qualidade do que se fossem tocadas separadamente gerando um som mais bonito e perfeito.

Com as pessoas também ocorre desta forma, sejam quais forem os relacionamentos – amorosos, familiares, acadêmicos, profissionais, de amizade, ou outro relacionamento qualquer – há necessidade de ajustes quando nos colocamos diante de outra pessoa e queremos uma combinação nos interesses, quando desejamos ser melhores, quando buscamos a perfeição. Mesmo sabendo que sozinhos já somos bons, às vezes é difícil combinar com outro que também acredita ser bom. Ambos são bons, mas quando se juntam nem sempre se combinam, nem sempre estão bem ajustados, e neste caso há a necessidade de uma releitura, uma readequação, ou um novo ajuste para que consigam sentir conforto emocional um com outro e possam assim como nas notas musicais serem entoados com a qualidade de uma combinação perfeita.

Mesmo sendo mais difícil talvez seja necessário rever a nossa composição musical, ver a nossa forma de relacionamento, perceber como estamos nos posicionando diante do outro. Não se trata de mudar a nossa essência para agradar o outro, mas sim ajustar a relação para buscar a harmonia, é diferente, entende? Buscamos uma felicidade, e geralmente a encontramos quando combinamos com outra pessoa. Mas como ser feliz se não buscarmos os ajustes para esta combinação perfeita que tanto queremos? A felicidade pode aparecer, pode vir até nós, pode surgir inesperadamente, mas como conseguiremos perceber e aceitar tal sentimento sem que precisemos nos alterar para combinar com o novo? Esta mudança não deve ocorrer somente em nós, mas também não somente no outro, e sim em todos em função do todo. Talvez a gente precise que cada um reveja os conceitos para conseguir de alguma forma viver em harmonia – assim são as pessoas, assim são os relacionamentos, assim é a vida.

Nelson Ferreira – (11) 98213-8994
Psicólogo – CRP 06/127710
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